De quantos votos se faz uma vitória política?
No nosso caso, de precisamente de 23.291 votos não só de Feira de Santana, mas
de todas as regiões desse estado tão grande que é a Bahia. Esses números nos
colocaram como a candidatura a deputado estadual mais votada do PSOL na Bahia,
aquela com maior votação fora de seu domicílio eleitoral dentre outras do
Partido e a quarta mais votada em Feira. Se por um lado esses números não
permitiram uma vaga na Assembleia Legislativa porque o PSOL infelizmente ainda
não atingiu o chamado “coeficiente eleitoral”, por outro lado demonstram parte
do crescimento partidário de 2010 para cá e que nós viemos “pra ficar” como se
costuma dizer popularmente. Porém, há um mundo de coisas que esses números não
mostram e são elas que, afinal, dão o real significado de vitória a eles.
Em primeiro lugar, a afirmação de que há
espaço para uma candidatura com propostas radicais que dialoguem com as
necessidades da maioria da população em sua diversidade. Como é evidente, a
crítica à “política” e aos “políticos”, que hoje circula com muita força,
expressa mais o descontentamento com certa prática política dominante do que a
falta de abertura para proposições que levem a sério aquilo que é vivido por
quem sente na pele a exploração, opressão e negação de direitos. Em segundo
lugar, é uma vitória porque reafirmou um método de fazer campanha que por si é
expressão do que pode ser o próprio mandato, ou seja, uma forma de atuação
política que conta com a participação cada vez mais ativa das pessoas na
construção das transformações de que precisamos. Da elaboração das propostas ao
levantamento de recursos, ter a ousadia de afirmar uma campanha colaborativa
contra um cenário de campanhas milionárias, montadas por profissionais do
marketing e movidas por cabos eleitorais pagos. O que, sem dúvida, cumpre o
papel educativo que toda campanha de esquerda deve ter: pela prática
diferenciada, levar a que mais e mais pessoas repensem as suas próprias
práticas, escolhas e mesmo sua visão de mundo. Em terceiro lugar, é uma vitória
porque foi mais um passo bem sucedido para enfrentar um sistema político em
nada favorável aos projetos alternativos para nossa sociedade. Mesmo com as
conquistas resultantes de muitas lutas populares, esse sistema continua
antidemocrático: as leis atuais permitem abertamente que o poder econômico de
uma minoria imponha seus interesses sobre a maioria da população. Nesse caso,
novamente, é sempre uma vitória deixar para traz tantas outras candidaturas
expressivas só do dinheiro, da troca de favores e do descompromisso com o
interesse público.
Vitórias políticas que só explicam, apesar da
candidatura levar o meu nome, como um processo coletivo. Nesse sentido,
agradeço muito a quem discutiu propostas, contribuiu financeiramente, deu o
suor nas panfletagens, abriu sua casa ou organizou outras atividades de apoio,
curtiu, comentou, compartilhou e interagiu virtualmente de diversas maneiras
com a campanha. Agradeço também aos milhares que apoiaram e votaram porque
sentem a necessidade de uma mudança pela raiz, o que é mais uma centelha permanentemente
viva dos nossos mais de 500 anos de resistência popular. Enfim, agradeço muito
a todas e todos que fizerem dessa campanha mais um marco na história política
baiana. Essa vitória, sem dúvida nenhuma, é nossa. Afinal, como bem se diz
hoje: é tudo de nós!
Ousando continuar na luta, venceremos!
Jhonatas
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