Jhonatas Monteiro-
Acredito que a principal aliança que um governo deve fazer é com o povo.
11-08-2012 09h38
Jhonatas Monteiro candidato do PSOL
“A principal
aliança do governo deve ser com o povo”
A terceira
entrevista da série com candidatos a prefeito é com o professor Jhonatas
Monteiro. Ele tem anseios de lutar pelo professorado e melhorar a qualidade do transporte coletivo urbano
de Feira de Santana. Filiado a um partido que não fará alianças, Jhonatas adota
o ditado que diz “antes só que mal acompanhado”. Esquerdista, ele luta pelas
causas sociais.
Folha do Estado - O
PSOL não fará coligações. Acredita que conseguirá desenvolver um bom governo
sem alianças?
Jhonatas Monteiro - Acredito
que a principal aliança que um governo deve fazer é com o povo. Uma de nossas
plataformas de governo é ampliar a participação popular direta
nas decisões e, portanto, não depender tanto da Câmara de Vereadores. É claro
que todo governo constituído tem adesões, seja de segmentos da sociedade, que
de alguma maneira querem construir o governo, seja de setores na Câmara, que de
alguma maneira avaliam se os projetos que estão sendo encaminhados pelo
executivo correspondem aos anseios da maioria.
F.E - Envolvido
com a classe dos professores, qual avaliação faz do governo e dos professores
na greve estadual?
J.M -
Eu acho que o tratamento que o governo tem dado ao professorado é o pior
possível. Primeiro, do ponto de vista de um gestor público, ele agiu da pior
maneira quando ignorou que o problema existia, que a greve existia. Depois,
quando se configurou como evidente que havia um processo de greve, tentaram
medidas repressivas para que os professores voltassem, a exemplo do corte de
salário e a pressão para a ilegalidade da greve. Quando nada disso se
configurou como solução, ele apelou para desinformar a população através da
propaganda, induzindo a população para, de alguma maneira, se posicionar contra
a greve. Nada disso deu certo e, no meio desse caminho todo, os alunos ficaram
sem aula porque o governo se recusou a fazer o óbvio: sentar e negociar.
F.E -
Ainda falando em educação, o que o senhor pretende fazer para melhorar a
educação em nosso município?
J.M - O
primeiro ponto é mudar o próprio modelo educacional do nosso município.
Acreditamos que há um problema de concepção pedagógica nas escolas e achamos
importante que uma das medidas seja aproximar os projetos políticos pedagógicos
da escola à realidade local. Por exemplo, uma escola rural não pode funcionar
baseada nos padrões de uma escola urbana. Ela tem que dialogar com o entorno de
estudantes que trabalham e tem suas atividades naquela escola. A segunda medida
é a escola integral. E uma terceira é um plano de carreira que valorize o
professorado municipal.
F.E - Além
da educação, quais outros setores da cidade estão deficientes e precisam
melhorar?
J.M - Um
que tenho dito, porque é crônico, é a questão do transporte. Todas as pessoas
em Feira de Santana, com exceção do Sincol e da Prefeitura, reconhecem que o
transporte é o pior possível. Nós temos uma tarifa alta e um serviço que não
funciona bem. Então, para a gente é fundamental modificar a estrutura do
transporte, porque do jeito que está ela nega o direito de ir e vir das
pessoas. Precisamos de iniciativas de curto prazo, ou seja, baixar a passagem
para democratizar o acesso modificando os critérios de cálculo da tarifa e
analisar se o Sincol e empresas de ônibus cumprem as contra partidas que são
previstas na concessão pública, que na nossa avaliação não cumprem. Um segundo
passo seria redesenhar o sistema de transporte. Também precisamos investir em
formas de mobilidade não motorizada. Uma cidade cortada por rodovias, como
Feira, não garante nem a mobilidade do pedestre. Uma cidade como esta ter
apenas uma passarela, é suicida. Além de melhorar o transporte, temos que
melhorar também a mobilidade não motorizada.
F.E - Acredita
em um segundo turno?
J.M - Sim.
A gente disputa um processo na perspectiva de que os resultados se desenrolem a
partir de como o próprio processo vai acontecer. Costumamos dizer que eleição
só se define mesmo durante o processo de eleição. Mesmo uma candidatura nova,
que apresenta um projeto novo para a cidade, como é o caso do PSOL, só tem
condição de avaliar seu potencial eleitoral à medida que o processo anda e que
sentimos a receptividade da população.
F.E - Caso
tenha um segundo turno, e o senhor não esteja incluso, pretende apoiar algum
candidato?
J.M - Esta
é uma avaliação que só dá para fazer caso se configure mesmo um segundo turno.
Ainda estamos finalizando o primeiro mês de campanha. Vamos estrear a partir da
semana que vem, com o lançamento do site e outros elementos que entram na
campanha. De antemão, nenhuma das outras proposições apresentam alternativas
reais. Avaliamos que as outras candidaturas reproduzem aquilo que chamamos de
“mais do mesmo” da política eleitoral da cidade. Elas se diferenciam na cor, no
número, mas não na forma como fazer aliança, obter votos e financiamentos. Para
a gente, esse tipo de política não nos contempla.
F.E - Qual
a avaliação que o senhor faz dos outros candidatos? Adelmo Menezes.
J.M - Eu
não conheço Adelmo. Tenho poucas referências e não o encontro a não ser em
espaços públicos, mas me pareceu uma pessoa disposta a lutar por algo de bom
para a cidade.
F.E - Tarcízio
Pimenta.
J.M - Acho
que é um gestor preso pelos próprios favores políticos que lhe colocaram no
poder. A gestão não teve qualquer tipo de projeto político mais substancial.
Ele teve problemas seriíssimos de gestão e acho que ficou tão preso que não
conseguiu governar. Não tem apresentado nenhuma iniciativa para resolver
qualquer grande problema do município.
F.E -
Zé Neto.
J.M -
O principal problema de Zé Neto é que boa parte da militância petista hoje tem
esquecido o que, historicamente, o próprio Partido dos Trabalhadores também
esqueceu. Hoje em dia, a maior parte desses setores se conforma em chamar o
Partido dos Trabalhadores só de PT. Esqueceu uma série de compromissos que o
partido tinha construído, e hoje tem feito o reverso. No caso de Zé Neto, com o
agravante que ele, como líder do governo, assumiu de corpo e alma uma postura
autoritária, repressiva, antidemocrática que o governo do Estado tem tratado
não só o funcionalismo público, mas uma série de outros setores da sociedade
baiana.
F.E - José
Ronaldo.
J.M - Autoritário.
Isso é evidente. Eu tenho dito que a gente tem que desconstruir um mito de boa
gestão. Qual é a boa gestão que deixa o município endividado? Nós devemos R$ 22
milhões só da construção dos viadutos, segundo dados da própria Prefeitura.
Decide por uma solução viária tecnicamente equivocada, isso é visível. E outro
ponto do período de sua gestão que José Ronaldo descumpriu, e que é fundamental
para ordenar o crescimento de Feira, foi a existência de um Plano Diretor de
desenvolvimento urbano. O Estatuto das Cidades prevê que cidades com mais de 20
mil habitantes são obrigadas a ter, e Feira tem quase 600 mil, mas José Ronaldo,
deliberadamente, deixou isso de lado. Hoje, o crescimento urbano de Feira e os
problemas que existem se devem à falta de ordenamento territorial derivado
dessa postura de José Ronaldo, que tentou impor um plano diretor, mas, sendo
embargado, desistiu de impor essa medida de gestão.
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